É glorioso o oco rombo de gaivota no vidro da parede,
atravessada como se não houvesse nada,
não tivesse asa que guiasse a consciência
ao voar estúpida, de olhos fechados, pensando no amor.
(Não tivesse adesivo que pela forma e semelhança
passaresca assustasse e divergisse para
longe da parede.)
Agora, aqui na sala estatelada,
mancha o carpete da minha vó,
mas não terei que limpar nada,
existe pra isso empregada.
Parece poesia, mas é triste e grotesco, e
poesia deveria dar na gente uma vontade
de sambar.