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chá da pérsia


curdo me entrega o pote
turco mente que vem da armênia
mas que tem parentes turcos
quer destruir meu disfarce
brinco de princesa barba ruiva
ataque aos soviéticos
impune

líbio me beija os dedos
retribuo com versos amigos
quero morar em cabanas
na varanda na cobertura
de um forte

com piscina e palmeiras de abano
o sol me enaltece o umbigo
abolição do abrigo
cresce o número de refugiados
no meu aquário de espelhos e betas

quase apaguei o incêndio
mas fiquei pois me aquecia
inverno nunca vi coisa igual
colho neve no vaso de flores
será que resistem ao frio?

begônia tulipa rosemary buds
festival de cinema africano
eles falam minha língua
faísca na sala de projeção
querosene antes de tudo

molotov, estalinismos sórdidos
quem acusar a falcatrua
no sexo de sete erros
a recompensa será o meu
cérebro ressecado branco
em leito de frutas secas

minhas sementes, ao composto
falta o húmus da terra
que falta ao falafel dos turcos
elixir de insetos mortos

sou um aracnídeo fúnebre
de patas menores que o corpo
e alfinete atravessando o
cefalotórax
com vestido de rendinha
tamanco de holanda
e ares de quem diz adeus
saltando de uma ponte de pedra
não se trata de um suicídio
é dança de acasalamento
e reconciliação
entre homens