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no lago que não é o reno

na profusão de passos
perto das arestas de
dar sustento a mundos
que faço com as mãos
em concha de escutar
os mares de ondas curtas
e ainda me são distantes

o tato no ar só revela
bicos brancos sobre cabeças
pretas sobre corpos de patos
territorialistas no lago daqui
que me expulsam da margem
e cagam no lugar onde estive,
onde estava

meu fazer são bronzes
entre corpos de conter
areias do reno e
outros motivos para
chegar mais perto

mas o que querem:
souvenirs de azeite
ou água do mar morto
ou areia da judeia
ou o que for da terra
santa

ou como disse o
menino na piscina
da hebraica: da minha
terra santa

na fumaça do churrasco
não reconheço a minha
fome. eu não trouxe
carne, não tive
tempo, ofereci a
minha, já não
quiseram

e se pescasse os peixes
e se esganasse os patos
e se afogasse os gansos
ou o cisne que me expulsou
da praia

outro lago na jureia, este
está mais cedo, está
mais quente, entendo
as carnes da menina
da foto que estende
o varal entre troncos
e a balança de ver o peixe
e a peneira de aprender
os grãos e a rede do
descanso

no banco em frente ao lago
durmo, encasacado, que não
é o reno, o vento me acorda
sempre que mais forte, pois
mais forte, o sono é leve, me
lembro do índio a que atearam
fogo

o que vestia? há quantos anos?
no canteiro do playground
yoshi apelido de jorgen
joga areia no amigo e
grita: é tudo simultâneo
e eu aceito a narrativa
embora não aceite a
inocência nas crianças